arapuca — daniel ramos, diego crux e jeff

Em 1° de agosto, quinta-feira, os artistas Daniel Ramos (1988, São Paulo, SP), Diego Crux (1987, São Paulo, SP) e Jeff (1987, Maceió, AL) inauguram a coletiva "Arapuca" na Aura. Com abertura paralela à individual de Renan Teles, no piso térreo, a exposição desenvolve com maior afinco alguns dos engajamentos em torno dos quais se envolve o coletivo Vilanismo, do qual Renan e os três artistas fazem parte.

Estabelecendo tensões entre uma ideia homogeneizante de marginalidade frente às configurações variadas que regem a manifestação material do conceito, "Arapuca" coloca placa a placa o encontro entre cultura e economia, esfera pública e privada, na esteira de questões características que envolvem a produção artística diante das relações dinâmicas que assombram a periferia do capitalismo. Já que poder é, no seu fundamento, um conceito de relação, redimensionar as disputas entre estabelecido e outsider, consagrado e marginal, é aqui também a possibilidade de pensar posições estratégicas de não inserção reordenadoras dos campos cultural e estético enquanto campos de ação.

Se, por um lado, marginalidade corresponde ao tipo de imposição sobre um corpo a determinado espaço político e social, o sujeito marginal, por outro ângulo, vai de encontro a táticas escolhidas por se colocar estrategicamente à margem e negar modelos de produção diretamente associados a canais estabelecidos. Reflexo de uma movimentação tanto de sobrevivência quanto do engajamento poético que desvia a diretrizes calcadas em projetos domesticantes e civilizadores, a arapuca é um recurso de resposta. São as alternativas parcialmente fracassadas de transformação, mas que são mesmo o horizonte ao alcance. E, se a armadilha consiste no recurso primordial da farsa, a arapuca, por sua vez, confronta o inimigo dispondo dos seus próprios artifícios. Mas é dessa forma, no fim, como se move qualquer vilão.

Com curadoria de Gabriel San Martin, "Arapuca” tem abertura na quinta-feira, 1° de agosto, às 17h, e segue em cartaz até 24 de agosto.