futurível — marcela crosman, marcelo gandhi, renan teles

Marcela Crosman (1983, Rio de Janeiro, RJ), Marcelo Gandhi (1975, Natal, RN) e Renan Teles (1986, São Paulo, SP) inauguram na quinta-feira, dia 31 de agosto, exposição coletiva na Aura com curadoria de Gabriel San Martin. Intitulada “Futurível”, referência ao neologismo criado por Gilberto Gil em composição de título homônimo, oitava faixa do album “Gilberto Gil (1969)”, a mostra percorre impasses concatenados ao empobrecimento gradual da experiência que a virtualização progressiva, algorítmica e globalizante do mundo inaugura.

Na medida em que tudo se torna número, a realidade fenomênica é lançada à deriva. Disperso em estímulos excessivos, entre informações e imagens, que flutuam em uma domesticação psicológica das formas de relacionamento e reflexão, o sujeito é transformado em objeto: a vida passa a andar em certa linha ordenada a outra coisa que não o próprio cérebro, mas a determinada instância secundária, imperativa e programadora, de vocação algorítmica. 

“Futurível” é o automotivo, a tecnologia personificada, que mobiliza as garantias de um futuro que paralelamente existe e não chega, o outro sujeito possível e virtual — de um tempo porvir prometido do qual ficamos cada vez mais avizinhados — que controla e molda persistentemente os comportamentos e vontades. A experiência e o sujeito paralelamente se esvaziam em nome do dinamismo imperativo de um personagem abstrato, peregrinador dos esquemas da cultura de massas, presente em cada passo das atividades mais cotidianas que se possa imaginar. Algo de um desencontro do indivíduo consigo mesmo, de um “segundo estágio de humanóide” que não mais se reconhece.

"Futurível” tem abertura no dia 31 de agosto e segue em cartaz até 14 de outubro.

texto curatorial — gabriel san martin