dados, mapeamentos e circuitos expressos — marcela crosman
Em 21 de setembro, sábado, ocorre a abertura de “Dados, mapeamentos e circuitos expressos”, individual de Marcela Crosman (1983, Rio de Janeiro, RJ), na Aura.
Com texto crítico de Agnaldo Farias, a exposição parte de impasses atrelados às tensões entre inventividade e automação, esgarçando perguntas quanto aos processos de construção digital da imagem plástica e de exercícios de repetição e saturação ensaiados por modelos artificais. Ao se envolver em tramas algorítmicas alusivas aos mapeamentos frenéticos que reordenam o papel autônomo da escolha em nome de percursos enviesados, Marcela se volta ao preâmbulo desses circuitos e coloca em xeque a própria lucidez que conduz a fantasiosa cisão entre real e digital enquanto paralelo de realidade e ficção. Já afrouxadas as distinções, os maniqueísmos caducam e a realidade, para a artista, esbanja o movimento contrariado de certo desajuste bem resolvido que desaba essas convenções.
Se o grid, enquanto estrutura vital da arte moderna, aponta para direções opostas de compreensão — da pretensa purificação do tableau na sua relação com o mundo, por um ângulo, que o tornaria um todo em si mesmo e, por outro lado, como parte de uma totalidade maior da qual ele se edifica enquanto fragmento de relações mais amplas —, Marcela parece recorrer sempre a trabalhos que se constituem enquanto unidades integrantes do mundo. Seja na tridimensionalidade falseada garantida pela série Quanta, que soa como um trocadilho às narrativas teleológicas do plano que deram chão a todo um setor da crítica de arte modernista, ou nos stills tridimensionais baseados em vídeos montados num espaço digital e inteiramente planar, de Meio da Jornada, os trabalhos exercitam algo de uma vocação entrópica que desorienta os termos dados. Afinal, em que medida ainda há algum sentido em especular sobre a realidade sem pensar o espaço digital enquanto campo ativo da sua integridade? E até que limite as convenções modernas ainda dão conta do discurso sobre arte?
Segundo Agnaldo, no texto crítico da mostra, “as obras apresentadas por Marcela Crosman, extraídas a partir de especulações sobre gráficos, diagramas, mapeamentos, varreduras, circuitos, somadas as múltiplas possibilidades abertas por programas de Design Generativo, programas voltados ao desenvolvimento de modelos paramétricos, têm a ver com a imaginação. Dizem respeito a expressão, à subjetividade da artista e a plasticidade do pensamento abstrato, deles não se deve procurar rebatimento no real, como se um mapeamento com pretensões de fidelidade ao objeto mapeado. O que está em jogo é a exploração da natureza dessa linguagem, exercício conectado com as circunvoluções, meneios, tateios envolvidos na expansão da linguagem, nas traduções ocorridas, no lento processo dispendido na sua depuração”.
Primeira individual realizada pela artista, “Dados, mapeamentos e circuitos expressos” tem abertura no sábado, 21 de setembro, das 11h às 15h, e permanece em cartaz até 1° de novembro na Aura.
visitação
21 set — 1° nov, 2024
aura galeria
rua da consolação 2767, jardins
são paulo - sp
estacionamento conveniado l’officina (rua da consolação, 2825)
info
+55 11 3034-3825