Para o Pavilhão Mar da 14a edição da ArtRio, a Aura apresenta, no estande S2, um projeto solo com trabalhos inéditos de Rommulo Vieira Conceição (1968, Salvador, BA) associados às suas novas séries de instalações. Dentre elas, destaca-se "O espaço físico requer que o outro seja aliado ou inimigo" (2024).
Desenvolvendo reflexões sobre o envolvimento do país no BRICS e as novas tendências que o governo atual parece apontar em relação ao Oriente, em detrimento do seu histórico envolvimento com países ocidentais, o artista pensa o lugar do Brasil enquanto nação frente à ameaça crescente da China sobre a hegemonia estadunidense. Para o artista, embora esses movimentos indiquem a possibilidade de um protagonismo global brasileiro enquanto figura coerente do outro universal, eles também revelam certa fragilidade e escancaram a espécie de frustração responsável por manter o país num papel secundário.
Enquanto um artista que, apesar de nascido em Salvador (BA), edificou toda a sua carreira em Porto Alegre (RS), Rommulo desenha ondas elaboradas a partir de um repertório formal de proveniência oriental e islâmica que vai de encontro com azulejos portugueses e brasileiros. Na medida em que essas ondas, contudo, tensionam a arquitetura colonial dos azulejos que são também a esfinge da fragilidade que representa toda a condição infraestrutural do Brasil contemporâneo, é trazida à baila um tipo de interlocução com as chuvas que devastaram Porto Alegre em maio deste ano e que demonstraram o quão deficientes são as estruturas urbanas e arquitetônicas das cidades nacionais. Feito índices ambíguos de um cruzamento tanto relacionado ao papel do Brasil no contexto internacional quanto às suas condições internas fundamentais relacionadas à vida na periferia do capitalismo, essas ondas são a incerteza que rodeia ambos os lados enquanto margem de fuga.
25 a 29 de setembro 2024
estande [booth] S2
marina da glória
av. infante dom henrique - s/n, rio de janeiro/rj, brasil